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Como Ajudar Crianças com TDAH a Superar o Trauma Bullying?


Crianças e adolescentes com TDAH têm mais probabilidade de praticar e sofrer bullying na escola do que seus colegas neurotípicos.


Os sintomas e comportamentos do TDAH — impulsividade, dificuldade em ler sinais sociais, baixa autoestima e desafios de funcionamento executivo — tornam as crianças alvos fáceis mas também agressores.


A relação entre bullying e TDAH em crianças e adolescentes é um campo de estudo bem documentado, com várias estatísticas que destacam a vulnerabilidade desses jovens ao bullying, tanto como vítimas quanto como agressores.


Crianças e adolescentes com TDAH são duas a três vezes mais propensos a serem vítimas de bullying em comparação com seus colegas sem TDAH. Estudos sugerem que entre 30% a 50% dos jovens com TDAH experimentam algum tipo de bullying.


Além de serem vítimas, jovens com TDAH também têm uma maior probabilidade de se envolverem como agressores em situações de bullying. Aproximadamente 20% a 35% das crianças e adolescentes com TDAH podem se envolver em comportamentos de bullying, especialmente aqueles que apresentam sintomas de impulsividade e hiperatividade.


Crianças com TDAH que sofrem bullying apresentam taxas mais altas de depressão, ansiedade e problemas de autoestima. A exposição contínua ao bullying pode exacerbar os sintomas do TDAH e aumentar o risco de transtornos de humor e comportamento.


Características associadas ao TDAH, como impulsividade, dificuldades em entender as normas sociais e problemas de regulação emocional, podem tornar essas crianças mais vulneráveis ao bullying. Elas podem ser vistas como "diferentes" ou "difíceis" pelos colegas, o que as coloca em maior risco.


Para as vítimas, as repercussões são alarmantes: exames cerebrais mostram que todas as formas de bullying e abuso podem causar danos visíveis ao cérebro.


O bullying é um comportamento aprendido. Ele resulta, em parte, de viver em um mundo que normaliza o bullying. Vemos isso todos os dias na maneira como certos políticos falam e agem, e na maneira como alguns adultos e crianças se expressam nas mídias sociais.


Há uma crença tácita de que o bullying dá resultados. A verdade é: dos pontos de vista neurocientífico, médico, neurobiológico e fisiológico, o bullying e o abuso não fazem nada de positivo. Eles apenas colocam a saúde e o desempenho do cérebro das crianças em risco.


Todas as formas de bullying — gritar, insultar, envergonhar, repreender e ignorar — ferem diferentes regiões do cérebro.


A Neurobiologia do Bullying


Uma extensa pesquisa mostra que o bullying prejudica o córtex pré-frontal, a parte do cérebro envolvida em habilidades de funcionamento executivo, como agir razoavelmente, pensar intencionalmente, pesar prós e contras e considerar consequências.

A amígdala, o sistema de detecção de ameaças do cérebro, pode aumentar à medida que se torna reativa e hipervigilante, constantemente procurando por ameaças.

O hipocampo, o centro de aprendizado e memória do cérebro, pode encolher à medida que se banha em cortisol, um hormônio do estresse.

O corpo caloso, o feixe de fibras que conecta os hemisférios cerebrais esquerdo e direito, pode ficar desmielinizado (perder a mielina torna mais difícil a passagem rápida e eficiente de sinais elétricos).


Consequências a Longo Prazo


O #bullying na infância e adolescência pode ter consequências a longo prazo para jovens com #TDAH, incluindo problemas persistentes de saúde mental, dificuldades acadêmicas e sociais, e uma maior probabilidade de abandono escolar.


Se não for tratado, o dano causado pelo bullying pode levar a problemas como abuso de substâncias, #ansiedade, #depressão, #agressão, #transtornos de conduta, #automutilação, #ideação suicida e problemas de relacionamento. Essa é a má notícia. A boa notícia, é que nossos cérebros são programados para se reparar e se recuperar.


O impacto do bullying em crianças com TDAH pode ser silencioso, mas devastador. Caso seja percebido, não espere, envolva a escola e busque apoio urgente para prevenir desfechos graves.

O poder de cura do cérebro


Da adolescência até o início da idade adulta, a #neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de mudar, ficar mais forte e saudável — é intensa. Ensinar as crianças a usar estratégias de respiração, atenção plena, visualização e corregulação como formas de mudar suas reações em direção à estabilidade e ao equilíbrio é vital.


Todas as técnicas a seguir são apoiadas pela neurociência que gera as evidências revisada por pares e replicada.


Respiração



Quando respiramos de forma superficial, rápida e pelos ombros, nosso cérebro acredita que estamos sob ameaça e nos prepara para lutar, fugir ou congelar. Podemos acalmar nossos cérebros e corpos respirando pela barriga de forma lenta e rítmica. É assim que dizemos aos nossos cérebros para não se preocuparem, para ficarem tranquilos e presentes, e para se sentirem seguros.


Visualização


Esta abordagem funciona para o agressor e para o agredido. Quando as crianças estão frustradas ou se sentem derrotadas, trabalhe com elas para imaginar ativamente um resultado diferente.

Por exemplo, se uma criança sente o impulso de atacar e intimidar seus colegas, desafie-a a imaginar como é ser machucada ou humilhada. Relacionar-se com a vítima, em vez de ameaçá-la para aumentar a superioridade e o poder pessoal, pode ajudar a diminuir ou erradicar o comportamento de intimidação.

Da mesma forma, quando uma criança sofre bullying, peça para ela visualizar o que pode estar acontecendo na vida do agressor que a tornaria ameaçadora. O objetivo não é desculpar o comportamento agressivo; é entender que cada um de nós tem um sistema nervoso que pode nos colocar em modo de luta, fuga ou congelamento, conforme as circunstâncias exigirem.

Então, faça com que pratiquem uma linguagem corporal que exale confiança, como andar ereto e manter a cabeça erguida enquanto ignoram e se afastam do agressor. Além disso, diga para não terem medo de procurar um adulto de confiança para obter ajuda.


Co-regulação


Ajude uma criança-alvo a se sentir segura adotando uma expressão facial amorosa, falando com um tom de voz gentil, oferecendo afeição física, compartilhando suas experiências e usando um padrão de fala melódico.

Quando falamos em uma voz mais aguda e cantada, como muitos de nós fazemos quando falamos com um bebê ou um animal de estimação, isso acalma a outra pessoa.


6 maneiras para um cérebro mais resiliente ao trauma


Aqueles que são alvos de bullying também podem tornar seus cérebros mais resilientes fazendo o seguinte:


  1. Fazer exercícios aeróbicos

  2. Comer uma dieta saudável e tomar suplementos de ômega-3

  3. Conectar-se com outras pessoas

  4. Dormir nove horas por noite

  5. Passar tempo na natureza

  6. Evitar redes sociais que levam a comparação e intrigas e os grupos de WhatsApp com crianças tóxicas e agressoras


Cada uma dessas práticas e escolhas de autocuidado pode melhorar a função cerebral de crianças e adolescentes com e sem TDAH.


Deixe aqui seu comentário ou experiência, para que outras famílias possam aprender com este post. E, se achar que pode ajudar, compartilhe com alguém próximo.



Fontes:


  1. Cuba Bustinza C, Adams RE, Claussen AH, Vitucci D, Danielson ML, Holbrook JR, Charania SN, Yamamoto K, Nidey N, Froehlich TE. Factors Associated With Bullying Victimization and Bullying Perpetration in Children and Adolescents With ADHD: 2016 to 2017 National Survey of Children's Health. J Atten Disord. 2022 Oct;26(12):1535-1548. doi: 10.1177/10870547221085502. Epub 2022 Apr 5. PMID: 35382621; PMCID: PMC9378474.

  2. Murray AL, Zych I, Ribeaud D, Eisner M. Developmental relations between ADHD symptoms and bullying perpetration and victimization in adolescence. Aggress Behav. 2021 Jan;47(1):58-68. doi: 10.1002/ab.21930. Epub 2020 Sep 8. PMID: 32895934.

  3. Ahmed GK, Metwaly NA, Elbeh K, Galal MS, Shaaban I. Prevalence of school bullying and its relationship with attention deficit-hyperactivity disorder and conduct disorder: a cross-sectional study. Egypt J Neurol Psychiatr Neurosurg. 2022;58(1):60. doi: 10.1186/s41983-022-00494-6. Epub 2022 May 23. PMID: 35645553; PMCID: PMC9125342.

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